Prêmio Jabuti 2025 celebra Ruy Castro, consagra Ana Maria Machado e dá destaque à educação

A 67ª edição do Prêmio Jabuti, realizada no dia 27 de outubro no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, consolidou mais um ano de vigor para a literatura brasileira. Com 4.530 obras inscritas em 23 categorias, a maior premiação do livro no país reuniu autores, editores, mediadores de leitura e representantes do setor em uma noite marcada por diversidade temática e renovação estética — sem perder de vista o compromisso com a educação e a formação de leitores.

O Livro do Ano foi concedido a O ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim, de Ruy Castro (Companhia das Letras), coroando uma obra que combina rigor nos fatos, elegância narrativa e pesquisa histórica. O autor recebeu a estatueta dourada, prêmio em dinheiro e uma viagem para a Feira do Livro de Londres de 2026, reforçando o caráter internacional do prêmio. Ouça aqui o podcast com Ruy Castro a respeito do prêmio.
Destaque para a educação
Como ocorre nos últimos dois anos, a Educação recebeu atenção especial — algo particularmente relevante para a Academia Paulista de Educação (APE). O vencedor da categoria Livro de Educação foi Letramento racial: uma proposta de reconstrução da democracia brasileira, de Adilson José Moreira (Editora Contracorrente). A obra articula antirracismo, cidadania e democracia, defendendo que o enfrentamento do racismo é condição para a consolidação de uma educação verdadeiramente inclusiva.
A APE ressalta a importância desta categoria no Jabuti: ela opera como ponte entre o universo literário e o cotidiano escolar, conectando pesquisa, formação docente e reflexão crítica sobre os desafios educacionais do país. Ao premiar obras que abordam temas estruturantes — como relações raciais, justiça social e igualdade de oportunidades — o Jabuti reafirma o papel do livro como instrumento de transformação cultural e educacional.
Ana Maria Machado

A cerimônia também homenageou a escritora, jornalista, acadêmica e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Ana Maria Machado, escolhida como Personalidade Literária do Ano. Sua presença emocionada ao lado da família deu o tom afetivo da noite. Autora de mais de cem livros e referência incontornável da literatura brasileira contemporânea, Ana Maria simboliza o entrelaçamento entre literatura, educação e cidadania. Ouça aqui o podcast com Ana Maria Machado a respeito do prêmio.
Curadoria de Hubert Alquéres
Pelo terceiro ano consecutivo, a curadoria do Prêmio Jabuti esteve a cargo de Hubert Alquéres, presidente da APE. Sua atuação tem sido marcada por um modelo de curadoria plural, criterioso e atento à vitalidade da cadeia do livro. Entre suas contribuições estão o fortalecimento da categoria Escritor Estreante, a ampliação da representatividade dos jurados e o incentivo à internacionalização da literatura brasileira. Sob sua liderança, o prêmio reforçou seu papel como espaço de diálogo entre criação literária, pensamento crítico e formação cultural.

Um prêmio que dialoga com a educação
A edição de 2025 reafirmou que o Jabuti não é apenas uma celebração da produção literária — é também um termômetro das inquietações intelectuais e dos desafios educacionais do país. O destaque para obras de reflexão pedagógica, a homenagem a figuras de grande inserção cultural e a presença ativa de instituições dedicadas à formação, demonstram que a literatura permanece no centro das discussões sobre o Brasil contemporâneo.
Sobre o Prêmio Jabuti
Criado em 1958, o Prêmio Jabuti consolidou-se como a principal distinção literária do Brasil e referência no mercado editorial. Reconhecido como patrimônio cultural, valoriza todos os elos da indústria do livro, celebra a diversidade da produção nacional e acompanha, ao lado dos leitores, as transformações da sociedade brasileira. Mais do que uma premiação, o Jabuti é um termômetro da produção intelectual brasileira e um espaço de reconhecimento da diversidade, inovação e excelência editorial.

