DISCURSO DE POSSE NA PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA PAULISTA DE EDUCAÇÃO – 17 DE MAIO DE 2018
Wander Soares
Discurso de posse de Wander Soares como Presidente da Academia Paulista de Educação.
Evento realizado no dia 17 de maio de 2018, no Auditório Ernesto Igel, no CIEE, em São Paulo, Capital.
Presidente Reinaldo Polito, Sr. Humberto Casagrande, Superintendente Geral do CIEE, Prof. João Gualberto de Carvalho Meneses, Presidente Emérito da APE, Autoridades Presentes, Caros Acadêmicos, Senhoras e Senhores
Em 12 de abril de 1970, um grupo de dedicados educadores paulistas liderados por Aquiles Archero Junior, concebe e funda a Academia Paulista de Educação para a qual destacaram como missão “estimular o interesse da comunidade pela obra da educação e cooperar para o fortalecimento, na alma do povo, do sentimento de reverencia à figura do educador”. Hoje, sem muita reverencia, a educação brasileira vive mais uma tentativa de reformulação e reinvenção com a implantação da Base Nacional Comum Curricular, resultado de muito trabalho e ampla consulta a toda sociedade brasileira. Estamos vivendo um tempo em que a escola está sem referencial histórico para evoluir. As rupturas por que passou nos colocam sempre diante de um recomeço, sem se saber exatamente que tipo de educação se impõe para o Brasil que queremos. Qual o perfil de professor é o desejado? Conseguiremos preparar todos os professores para participar eficientemente desta implantação? Qualquer que seja o caminho, a solução passará necessariamente pela figura do professor.
Sabemos que nenhum sistema de ensino é melhor que o nível de seus professores. Estas e outras indagações são frutos do momento que estamos vivendo.
É esse o quadro que se delineia para a educação em nosso país. A Academia Paulista de Educação está sensível a esta conjuntura e nela espera desenvolver seu plano de ação.
Honrado pela confiança de meus confrades, assumo a presidência da Academia Paulista de Educação ciente que a educação é uma área de interesse geral que enfrenta problemas desde sempre. É grande a tarefa que me incumbe e dela não conseguiria sozinho me desincumbir a contento, pois não é uma missão para uma só pessoa, daí minha especial saudação aos meus companheiros de diretoria, neste ato representados pelos presidentes eméritos dessa Academia, Professores João Gualberto de Carvalho Meneses; Paulo Nathanael Pereira de Souza e Reinaldo Polito. “Não temo o que virá, pois venha o que vier, não será maior que a minha alma” no dizer de Fernando Pessoa.
Recentemente o Diretor da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico – OCDE – Sr. Andreas Schleicher afirmou que “os investimentos em educação no Brasil são baixos e pouco eficientes”. Essa constatação não é nova, novo é o enfoque. Já em 1932, com redação de Fernando Azevedo e a participação de outros 25 intelectuais era publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em cuja abertura declarava que “Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da Educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional, pois se a evolução orgânica do sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade. ”
Este manifesto marcou a fase inaugural do projeto de renovação educacional do país com uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. Apenas 86 anos nos separam desta efeméride e estamos ainda distantes do objetivo colimado. Vamos avançar! Temos que oferecer uma educação de qualidade a todos e avivar o papel da escola na construção de uma sociedade economicamente mais desenvolvida, socialmente mais justa e politicamente mais democrática. Pode parecer utópico mais tudo isso implica em trabalhar com mais qualidade e eficiência confiando naquilo que temos de mais permanente que são as instituições ligadas ao ensino e à pesquisa. A luta por uma educação melhor, mais efetiva e inclusiva não pode ficar restrita ao circuito dos educadores e dos servidores públicos da educação. Esta luta teria que contaminar todo o povo, famílias, empresas e instituições as mais variadas para daí, literalmente vir a ser uma ideia que contamine toda a opinião pública. Temos reproduzido as mesmas situações que condenamos e a educação continua restrita à escola. As famílias, as empresas e as organizações sociais teriam que participar deste esforço para promover a idealização geral de tornar o Brasil em uma sociedade educativa, de estabelecer uma cultura da educação pública de qualidade promovendo por essa via o resgate de uma injustiça social. Esperamos que esta redefinição do papel da escola possa prover mais qualidade de vida para as pessoas.
Neste momento gostaria de consignar um agradecimento especial ao CIEE nas pessoas de Seu Presidente do Conselho de Administração Dr. Antônio Jacinto Caleiro Palma e ao seu Superintendente Dr. Humberto Casagrande Neto cujo apoio tem sido decisivo para a vida de nossa Academia. Ainda, estender meus agradecimentos ao Prof. Reinaldo Polito que generosamente, durante seu período na presidência cedeu o espaço de sua Escola para nossas reuniões e outros trabalhos com a participação de seus colaboradores.
E, em uma nota pessoal quero expressar meus agradecimentos e reconhecimento à Miriam minha companheira de mais de 50 anos, a meus filhos e neto paixões de minha vida. Agradeço também a presença de meus queridos amigos e colegas que vieram prestigiar-me neste momento tão importante e significativo de minha vida profissional.