Artigo – O futuro insiste em nascer

por Francisco Carbonari
“Quando mantemos a escola aberta, mantemos o futuro aberto”. A frase, dita pela primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, abre o texto da professora Débora Garofalo, publicado no site Porvir sob o título “Educação sob sirenes: experiências da Ucrânia e papel da escola na construção da paz”. Para Débora, a sentença resume tudo “o que vi, ouvi e vivi em meio a um cenário de destruição e, ao mesmo tempo, de resistência”, durante sua viagem ao país.
A professora esteve na Ucrânia para participar da 5ª Cúpula das Primeiras-Damas e Cavalheiros, organizada pelo presidente Volodymyr Zelensky e pela primeira-dama Olena Zelenska, com a participação de inúmeros países.
Seu relato mostra que “em cada esquina, sirenes lembram que o perigo ainda ronda, mas revelam a coragem de um povo que decidiu não abrir mão de aprender e ensinar”. É um testemunho emocionante sobre o papel da escola que, mesmo em meio à guerra, se reinventa como alicerce para a reconstrução de um país.
Nas palavras de Débora, “nas ruas da capital Kiev, os sinais do conflito se misturam com a vida que insiste em continuar”, entre prédios destruídos por bombardeios, barricadas e uma cidade que convive diariamente com o medo.
O encontro teve como tema “Educação que molda o mundo” e deixou uma constatação clara: “a guerra não destrói apenas prédios ou estradas. Ela ameaça sonhos, interrompe processos formativos e fragiliza o tecido social” — inclusive quando sirenes interrompem falas e debates, obrigando todos a buscar abrigo.
Débora relata que, em tempos de conflito, compreendeu com ainda mais clareza que a escola é muito mais que um espaço de ensino: é refúgio, lugar de pertencimento e território simbólico de resistência cultural.
Um dos episódios mais marcantes foi contado por uma professora de literatura. Depois que sua escola foi destruída em um bombardeio, ela reuniu os alunos em sua própria casa para continuar as aulas. O gesto lhe custou caro: foi capturada e torturada. Mas, após escapar, não desistiu e hoje leciona online para mais de dois mil estudantes.
O texto está repleto de exemplos emblemáticos como esse, colhidos nas visitas às escolas ucranianas. “Carrego comigo a dor de ver de perto os impactos da guerra na vida de professores, crianças e jovens”, escreve Débora, “mas também a esperança de ter testemunhado a força da educação como instrumento de reconstrução. Cada porão convertido em sala de aula, cada canção entoada em meio ao medo, cada lâmpada acesa em tempos de apagão são sinais de que a escola continua sendo o lugar onde o futuro insiste em nascer.”
Para quem quiser ler o relato completo, o texto está disponível no site Porvir: https://porvir.org/educacao-na-ucrania/