Eleição na USP garantirá presença feminina na reitoria: APE destaca legado de Myriam Krasilchik

A eleição para a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) em 2025 marca um ponto de inflexão na história da instituição: pela primeira vez, todas as três chapas finalistas têm mulheres em suas composições para os cargos de reitor(a) ou vice-reitor(a). Isso significa que, qualquer que seja a chapa vencedora, uma mulher estará entre os nomes que comandarão a maior universidade pública do país.
A novidade ganha ainda mais força simbólica quando se resgata a trajetória da professora e acadêmica Myriam Krasilchik, da Academia Paulista de Educação. Em 1994, ela se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-reitora da USP, num tempo em que era rara a presença feminina nas instâncias superiores da academia. Seu legado e protagonismo são referências que ajudam a compreender a maturação institucional que hoje permite uma eleição com maior equilíbrio de gênero. Se há mais equidade hoje, é porque figuras como Myriam abriram caminho.
Segundo reportagem do Jornal do Campus, das 52 pessoas que já integraram o comando da universidade como reitor ou vice-reitor, apenas três foram mulheres até agora. Depois de Myriam Krasilchik, em 2005, Suely Vilela assumiu o cargo de primeira e única reitora da história da USP. A terceira é Maria Arminda do Nascimento Arruda, que ocupa o cargo de vice desde 2022. A eleição de 2025 rompe esse padrão de forma inédita. A UNICAMP, por exemplo, nunca teve uma reitora mulher em toda a sua história.
Igualdade de gênero e valorização institucional

Para a Acadêmica Eliana Amaral, “esse momento histórico reafirma a importância da igualdade de gênero nas instituições educacionais e universitárias”. E complementa “a trajetória da acadêmica Myriam Krasilchik não é apenas um símbolo do pioneirismo feminino na gestão universitária — é parte ativa da transformação que culmina na eleição de 2025″.

A também acadêmica e ex-secretária estadual de Educação, Rose Neubauer, recordou a parceria com Myriam Krasilchik durante sua gestão: “Na área da educação, a esmagadora maioria dos profissionais são mulheres. Myriam, como vice-reitora da USP, teve um papel fundamental, ao nosso lado na Secretaria, para promover cursos de formação inicial e continuada dos professores da rede estadual. Seu compromisso com a formação docente teve impacto duradouro.”
Atualmente, a USP tem 89,3 mil alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação, 5.300 docentes e 12,6 mil servidores técnico-administrativos, distribuídos em oito campi no estado de São Paulo.
As chapas inscritas são:
- Chapa “USP pelas Pessoas” com Aluisio Augusto Cotrim Segurado (Faculdade de Medicina) como candidato a reitor e Liedi Légi Bariani Bernucci (Escola Politécnica) como vice.
- Chapa “Nossa USP” formada por Ana Lúcia Duarte Lanna (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design) como reitora e Pedro Vitoriano de Oliveira (Instituto de Química) como vice.
- Chapa “USP Novo Tempo” com Marcílio Alves (Escola Politécnica) para reitor e Silvia Pereira de Castro Casa Nova (FEA) para vice.

A eleição ocorrerá em turno único no dia 27 de novembro, das 9h às 18h, com divulgação do resultado às 20h. A escolha é indireta, realizada pela Assembleia Universitária, composta pelo Conselho Universitário, Conselhos Centrais, Congregações das unidades e Conselhos Deliberativos de Museus e Institutos. A USP também fará uma consulta eletrônica à comunidade acadêmica, com caráter apenas indicativo.
A Academia Paulista de Educação acompanha com interesse os desdobramentos do processo de eleição na USP e reitera seu compromisso com a valorização das mulheres na ciência, na educação e nas posições de liderança acadêmica.
