Academia Paulista de Educação

Main Menu

  • A Academia
    • Apresentação
    • Diretoria Atual – 2023 a 2026
    • Quadro de Benedito Calixto
    • Velha Guarda
    • Medalha da Academia
    • Hino
    • Estatuto
  • Acadêmicos
  • Membros
    • Honorários
    • Beneméritos
    • Correspondentes
  • Notícias
  • Eventos
  • Artigos
  • Estudos e Pesquisas
  • Revista APE
  • Fotos
  • Contato

logo

Academia Paulista de Educação

  • A Academia
    • Apresentação
    • Diretoria Atual – 2023 a 2026
    • Quadro de Benedito Calixto
    • Velha Guarda
    • Medalha da Academia
    • Hino
    • Estatuto
  • Acadêmicos
  • Membros
    • Honorários
    • Beneméritos
    • Correspondentes
  • Notícias
  • Eventos
  • Artigos
  • Estudos e Pesquisas
  • Revista APE
  • Fotos
  • Contato
ArtigosNotícias
Home›Informações›Artigos›Artigo – Maria Bonomi, a arte de resistir

Artigo – Maria Bonomi, a arte de resistir

By prof. Hubert
12 de novembro de 2025
23
0

Por Hubert Alquéres

Há artistas que nos comovem pela beleza do que fazem; outros, pela coerência com que vivem. Maria Bonomi reúne as duas dimensões. Sua retrospectiva A arte de amar, a arte de resistir, em cartaz no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, é mais do que uma celebração de seus 80 anos de trajetória artística — é um manifesto sobre a força transformadora da arte e sobre a dignidade de quem nunca se afastou das grandes causas humanas.

Nascida na Itália, em 1935, e chegada ao Brasil ainda menina, Bonomi construiu aqui uma trajetória que atravessa a história do país. Discípula de Yolanda Mohalyi e Livio Abramo, formou-se na gravura, mas logo a extrapolou. Seu gesto é o da artista que entende o ofício não como exercício técnico, mas como forma de pensar o mundo. A gravura, em suas mãos, torna-se símbolo de resistência: cada corte na madeira é uma tomada de posição, cada impressão é um testemunho. Gravando, ela afirma a presença, a persistência e o compromisso.

Em suas próprias palavras, Maria Bonomi define a gravura como um “fenômeno perene mutante” — forma que nunca se esgota, porque nasce do embate entre o gesto e a matéria, entre o pensamento e o mundo, e que nela se faz também ética e invenção. Essa percepção atravessa toda a sua obra. A gravura é, para ela, linguagem, corpo e pensamento; uma ciência da sensibilidade.

Ao longo das décadas, Maria Bonomi levou a gravura para além da oficina. Transformou o gesto artesanal em arte pública, fez da matriz um organismo que respira na cidade. Seus murais e painéis monumentais — na Estação da Luz, no Memorial da América Latina, em fachadas e praças de São Paulo — são capítulos de uma epopeia visual. Gravuras tornadas arquitetura, obras que se confundem com o cotidiano urbano e o enriquecem. A cidade, em sua obra, não é cenário: é matéria viva, é espaço de convivência e diálogo.

Entre essas obras, há uma que ocupa lugar singular: o grande painel Propulsão (2023), criado para o Colégio Bandeirantes, em São Paulo — sua única peça concebida para uma escola e dedicada ao tema da educação. Com mais de seis metros de altura por sete de largura, a obra domina o hall de entrada e faz do espaço de passagem um território de pensamento. Inspirada pela ideia de que a arte é uma forma específica de conhecimento, Propulsão convoca os estudantes a refletirem criticamente sobre o próprio ato de aprender. Nela, instrumentos de cálculo e escrita se entrelaçam a formas e símbolos contemporâneos, como se o tempo da ciência e o tempo da imaginação se fundissem numa mesma matriz. Os alunos se apropriaram desse ambiente: é comum vê-los reunidos aos pés da obra, com cadernos e tablets, fazendo suas lições sob a presença silenciosa da artista. Poucas criações traduzem com tanta força o encontro entre arte e conhecimento.

A juventude de Bonomi coincidiu com um momento em que a gravura era também uma linguagem política — usada para comunicar ideias e convocar consciências. Ela soube manter viva essa dimensão pública da arte, mesmo quando o país se fechava em silêncio. Ao longo do tempo, sua obra foi incorporando novas técnicas, novos suportes, novas urgências, mas sem jamais perder o vínculo ético com a liberdade.

A exposição do Paço Imperial, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Maria Helena Peres Oliveira, percorre esse itinerário com amplitude e delicadeza. São mais de 250 obras em onze salas — gravuras, relevos, esculturas e instalações que revelam a artista em permanente diálogo consigo mesma e com o tempo histórico. O título resume o sentido de toda uma vida: amar e resistir. Amar o ofício, a cidade, o humano. Resistir ao esquecimento, ao conformismo, à indiferença.

Aos 90 anos, Maria Bonomi continua a pensar, a produzir, a falar com a energia de quem sabe que a arte é também uma forma de política — não partidária, mas existencial. Sua voz defende a autonomia criadora, a coragem de pensar com as próprias mãos, o poder civilizatório da beleza. Para ela, arte é também ciência e pensamento — uma maneira de conhecer o mundo e de participar dele. Essa ética do gesto e da criação faz dela uma das raras artistas cuja obra nos devolve fé na inteligência humana.

Visitar a retrospectiva no Paço Imperial é reencontrar uma artista cuja obra não se consome no instante: permanece, como a marca deixada na matriz. Maria Bonomi gravou o mundo e deixou nele a sua impressão. Ver essa exposição é compreender que a arte, quando nasce de convicção, torna-se memória ativa — um ato de resistência e de esperança.

Maria Bonomi

__________________________

Hubert Alquéres é presidente da Academia Paulista de Educação e vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro.

  • Revista APE

    Revista N° 7 – Ano 6 – Março 2016

    Revista Academia Paulista de Educação N° 7 Ano 6 – Março 2018
  • Revista APE

    Revista N° 6 – Ano 5 – Novembro 2016

    Revista Academia Paulista de Educação N° 6 Ano 5 – Novembro 2016
  • Revista APE

    Revista N° 5 – Ano 4 – Setembro 2015

    Revista Academia Paulista de Educação N° 5 Ano 4 – Setembro 2015
  • Revista APE

    Revista N° 4 – Ano 3 – Agosto 2014

    Revista Academia Paulista de Educação N° 4 Ano 3 – Agosto 2014
  • Revista APE

    Revista N° 3 – Ano 2 – Agosto 2013

    Revista Academia Paulista de Educação N° 3 Ano 2 – Agosto 2013
  • Revista APE

    Revista N° 2 – Ano 1 – Novembro 2012

    Revista Academia Paulista de Educação N° 2 Ano 1 – Novembro 2012
  • Revista APE

    Revista N° 1 – Ano 1 – Janeiro / Março 2012

    Revista Academia Paulista de Educação N° 1 Ano 1 – Janeiro/Março 2012
logo

Sede:
Rua Tabapuã, 500, Conjunto 42 - Itaim Bibi
São Paulo - SP
CEP 04533-001

Telefones:
2883-6154 e 2574-4523

E-mail:
contatogeral@apedu.org.br ou presidencia@apedu.org.br

  • A Academia
    • Apresentação
    • Diretoria Atual – 2023 a 2026
    • Quadro de Benedito Calixto
    • Velha Guarda
    • Medalha da Academia
    • Hino
    • Estatuto
  • Acadêmicos
  • Membros
    • Honorários
    • Beneméritos
    • Correspondentes
  • Notícias
  • Eventos
  • Artigos
  • Estudos e Pesquisas
  • Revista APE
  • Fotos
  • Contato
  • Home
© Copyright Academia Paulista de Educação
Midiamix Editora Digital