Artigo – Faculdade de Educação da USP na INEI: parcerias globais pela formação de professores
por Sonia Penin

A Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo sediou, entre os dias 14 e 16 de outubro de 2025, a Reunião Anual da INEI – International Network of Educational Institutes, com coordenação da atual diretora Profa. Carlota Boto e do Prof. Agnaldo Arroio, Presidente do Escritório de Relações internacionais da FE-USP na CCInt- USP. Participei de uma sessão na qualidade de “testemunha” por ter sido no meu mandato como diretora (2006-2010) que a FE-USP foi convidada a entrar nesta Rede, que então se chamava IALEI – International Alliance of Leading Education Institutes.
Nessa Reunião na FE-USP estiveram reunidas as 11 Faculdades de Educação de diferentes continentes que atualmente compõem a INEI. São elas, além da FE-USP: Austrália: Graduate School of Education, University of Melbourne; Canadá: Institute for Studies in Education, University of Toronto; República Popular da China: School of Education, Beijing Normal University; Dinamarca: Danish School of Education, University of Aarhus; Japão: School of Education, Hiroshima University; Singapura: National Institute of Education, , Nanyang Technological University; Coreia do Sul: College of Education, National University, Seoul; Africa do Sul: School of Education, University of Cape Town ; Reino Unido: Institute of Education, University of London; Estados Unidos da América: Faculty of Education, University of Wisconsin-Madison. A FE-USP foi a 9ª instituição que integrou a Rede, seguida logo após pela da África do Sul e, posteriormente, a do Japão.
O convite dirigido à FE-USP para unir-se à rede ocorreu em 2007, quando recebi mensagem e telefonemas do Prof Lee Sing Kong, de Singapura, explicando a proposta da IALEI e o motivo do convite à FE-USP, assim como solicitando algumas tarefas iniciais, entre elas, que eu escrevesse um pequeno texto, relatando uma ação de relevo na área de formação de professores, em que a FE-USP tivesse recentemente envolvida. Tal texto deveria constar da publicação que estava sendo organizada por ele e outros membros da rede e que seria lançada na reunião anual que ocorreria em 2008, na Danish School of Education, Universidade de Aarhus, Dinamarca, a primeira na qual estive presente. Atendendo à esta solicitação, escrevi o texto “Innovation in Partnership” (cf: Transforming Teacher Education – Redefined Professionals for 21st Century Schools, National Institute of Education 2008, Nanyang Technological University, Singapore, 2015). Tal texto relata o consórcio formado em 2003, por iniciativa da Secretaria de Educação Estadual de São Paulo e aporte financeiro do governo estadual (Rose Neubauer, então, Secretária de Estado da Educação e Mario Covas, governador) envolvendo professores das três universidades públicas paulistas (Unicamp, UNESP e USP) e da PUC-SP, assim como as Fundações Vanzolini e Carlos Chagas, o que possibilitou, cumprindo decisões legais, formar, com apoio de mídias interativas, mais de 11.000 professores em nível superior de graduação, entre 2003 e 2006. Vários textos à época relataram a história deste consórcio, sendo, um deles, escrito pelas Profas. Marieta Nicolau e Miriam Krasilchik, da FE-USP.
Quanto ao Prof. Lee Sing Kong, pessoa de realce na Rede, surpreendeu a todos o seu passamento em 2017, que, contudo, não impediu o vigor com que seus seguidores têm trabalhado, conforme pode ser visto nos Memorandos que continuaram sendo formulados desde então.
O primeiro Memorando de Entendimento da Rede INEI, então chamada IALEI, foi redigido em 2007 pelos três membros entendidos como fundadores: Profs. Lee Sing Kong, de Singapura; Kwong Lee Dow, de Melbourne, Australia e Julie Underwood, de Wisconsin-Madison, USA. Nesse mesmo ano, em 21 de agosto, tal Memorando foi assinado, em Singapura, pelos oito membros formadores.
Convictos da necessidade de se repensar a Formação de Professores em todos os países e se tornar uma referência para esta formação, o objetivo principal da Rede foi assim definido: “Transformar a Formação de Professores para encarar as profundas mudanças ocorrendo no 21º século, que apontam para um futuro de incerteza, tais como: degradação ambiental, falta de alimentos em vários países, crises financeiras, ameaças terroristas em várias áreas e, ainda, avanços em tecnologias da comunicação e da informação”. É possível considerar que todas essas preocupações continuam presentes, ou ainda mais sérias, dependendo da situação em diferentes países.
Das questões identificadas, referentes ao futuro da humanidade, a proposta então adotada pela Rede no início do século XX foi: “Nós precisamos preparar cidadãos/trabalhadores para um turbulento futuro e isto deve começar na escola fundamental, o que significa o necessário envolvimento das Instituições de Formação de Professores”.
Como resultado das necessidades estabelecidas para a educação básica, o grupo reforçava a importância central da Formação dos Professores, em seus Projetos de Curso, repensando novas e necessárias “capacidades acadêmicas” para serem desenvolvidas com as crianças e jovens nas escolas, destacando algumas como: alfabetização na era digital, pensamento criativo, comunicação eficaz, alta produtividade. Igualmente, ressaltava-se a necessidade de contribuições baseadas em pesquisas para uma melhor compreensão dos desafios educacionais críticos.
Na Conferência Internacional Anual, ocorrida em Melbourne de 21 a 23 de agosto de 2012, um novo Memorando de Entendimento foi redigido e assinado no ano seguinte, na Conferência Internacional Anual, realizada em Pequim, em outubro de 2013. Nessa Conferência, todos os membros, também concordaram em mudar o nome da organização para Rede Internacional de Institutos de Educação (INEI).
A declaração de Missão da INEI, assinada em 2013, ficou assim redigida: “Nosso objetivo é que o trabalho da Rede tenha impacto nas decisões políticas, influencie o financiamento e inspire pesquisas e intervenções que tenham um impacto significativo na educação local e global”. Desde então, as Reuniões anuais, que se sucedem nas diferentes Instituições Formadoras, discutem aspectos desse objetivo.
Oxalá este e os demais Memorandos estabelecidos ao longo do tempo pela rede INEI, assim como o seu objetivo principal, estabelecido em 2007, possam ser conhecidos e discutidos por todas as Instituições Formadoras de Professores, nos diferentes países, colaborando com as avaliações regulares sobre seus próprios projetos pedagógicos vis-à-vis os resultados obtidos. É factível supor que tais avaliações devam incluir dados das Instituições Empregadoras de professores (e gestores) que, além de colaborarem na formação prática dos estudantes das Instituições Formadoras, também informam o nível de aprendizagem das crianças e jovens da escola básica, nas diferentes gerações de um país.
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Sonia T.S. Penin, APE, cadeira 11
