Artigo – No debate sobre escola cívico-militar, preocupação deveria ser com professor e Educação
por Loretana Paolieri Pancera
Diante deste debate em torno da implementação do Programa Escola Cívico-Militar no estado de São Paulo, tenho, como presidente do CPP, duas principais preocupações: o professor e a Educação.
A princípio, devemos ressaltar que a atuação de militares da reserva dentro das nossas escolas, que não estão dentro do ensino militar formal, não encontra respaldo tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) quanto na Constituição Federal. Nossa Carta Magna não prevê funções de ensino ou de apoio escolar para militares, e este julgamento cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo, o nobre militar da reserva, de acordo com o projeto, entrará na escola ganhando mais do que o professor, o que desvaloriza ainda mais o nosso já bastante maltratado magistério paulista.
O CPP, ao longo de seus mais de 94 anos de história, sempre defendeu a valorização dos docentes e o investimento na Educação como prioridade para nossos mandatários. Recentemente, todavia, o governador enviou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) à Assembleia Legislativa que reduz o percentual do orçamento do estado mais rico da federação destinado à Educação: dos atuais 30, como determinaram nossos legisladores na Constituição Estadual de 1989, para 25 por cento.
Ora, quem garante que o Projeto Escola Cívico-Militar não seja um instrumento para tirar ainda mais dinheiro da Educação, uma vez que a proposta do Executivo se encontra parada no Legislativo paulista? O governo de São Paulo deveria dar mais dignidade, com salários justos e valorização, além de segurança, em todos os sentidos, aos professores, sem precisar interferir no processo pedagógico dentro das escolas do povo.
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*Loretana Paolieri Pancera é presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP)