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Artigo – Pro Dia Nascer Feliz

By prof. Hubert
24 de setembro de 2024
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Cazuza em 15 de janeiro de 1985 no Rock in Rio

“Hubert Alquéres, em seu artigo, reflete sobre a efervescência cultural e política no Brasil dos anos 80, destacando o primeiro Rock in Rio como símbolo do renascimento democrático do país. O festival representou a esperança e a confiança de uma juventude em busca de liberdade após 20 anos de ditadura. Alquéres relaciona o espírito daquele tempo com os desafios atuais de coesão e identidade nacional”, João Rego na revista Será?.

Por Hubert Alquéres

O regime militar dava seus últimos suspiros em janeiro de 1985 quando se realizou o primeiro festival Rock in Rio. Um ano antes, as cores verde e amarela tomaram conta das ruas nas grandes manifestações da Campanha das Diretas Já.

Vivíamos tempos de efervescência social. Havia uma enorme sede de liberdade. Eram tempos de explosão cultural e política. Após 20 anos de censura, de interdição da política e de cerceamento das liberdades, a juventude brasileira apresentava suas armas: a irreverência, a rebeldia, a confiança no futuro e um imenso amor ao Brasil.

As Diretas não passaram no Congresso Nacional, mas a esperança continuou viva.

Em 15 de janeiro de 1985 houve uma feliz coincidência. Naquele dia o Colégio Eleitoral Indireto elegeu Tancredo Neves presidente da República, anunciando que, pela via do entendimento e da conciliação, o regime militar ficaria para trás. À noite, a banda Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio. Uma multidão de 85 mil pessoas, a esmagadora maioria jovens, com a bandeira brasileira nas mãos e vestida com nossas cores, veio ao delírio quando Cazuza pegou o microfone e soltou a voz cantando Pro dia nascer feliz.

O Brasil acordava após um pesadelo que durou duas décadas. O timbre da mudança vinha da multidão, com seus gritos “Viva a democracia!”, “Viva Tancredo!”.

O ator Kadu Moliterno, apresentador das bandas nacionais no evento, decretou que aquele 15 de janeiro era o primeiro dia da democracia. Kid Abelha foi na mesma linha e anunciou sua apresentação como o primeiro show da democracia. Aquela multidão respirava, e transpirava, brasilidade. Esse sentimento de coesão nacional, de confiança no futuro, veio das palavras de Cazuza: “Acredito no Brasil novo, com uma rapaziada esperta”.

Nem a chuva torrencial foi capaz de afogar o sentimento e os anseios de uma juventude que não queria “só comida”, mas também “diversão e arte”.

Nos anos 80 o Brasil estava mergulhado numa profunda crise econômica. Vivíamos a chamada década perdida, mas isso não impediu o sucesso do festival, que viria a se afirmar como um dos maiores eventos de música do planeta.

O Rock in Rio, inspirado no festival de Woodstock, foi palco em sua primeira edição de gigantes da música internacional como Queens, Iron Maiden, AC/DC, Scorpions, entre tantos outros. Sem falar na fina flor do rock brasileiro: Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Barão Vermelho, Rita Lee.

Mais de 250 mil pessoas assistiram ao show do Queen. Fred Mercury, diria anos depois que aquele foi o maior show de sua carreira.

O Rock in Rio captou, no seu nascimento, o espírito de um tempo no qual o Brasil se reencontrava. O reencontro desaguou, na primeira metade dos anos oitenta, numa explosão cultural. Na música com a irreverência e a consciência crítica do rock brasileiro, com músicas da qualidade de “Faroeste caboclo”, “Que país é esse?”, “Comida”, “Tempo perdido”, “Selvagem” e tantas outros.

Aquele país retomava sua identidade narrada na obra “Viva o Povo Brasileiro”, saga sobre a formação do Brasil de autoria do grande escritor João Ubaldo Ribeiro e publicada em 1984. Ali aparecia o brasileiro real, com suas virtudes e defeitos. E um país bem diferente do ufanismo dos anos 70, do “Pra frente Brasil” e do “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

No cinema, o país livre da censura, produziu obras de grande valor cultural como “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco, “Memórias do Cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos, “Pixote, a Lei dos mais fracos”, também de Babenco. A história recente do Brasil era passada a limpo nos documentários “Os anos JK” e “Jango”, de Sílvio Tendler.

As páginas obscuras dos anos de chumbo apareciam na tela dos cinemas, mas também na literatura, com a volta dos exilados e por meio de livros de ex-presos políticos, como “O que é isso, companheiro?”, de Fernando Gabeira e “Os Carbonários”, de Alfredo Sirkis.

Aquela juventude presente ao primeiro Rock in Rio e vestida com as cores do nosso país mostrava seu amor ao Brasil e o fazia com o sentido de união, deixando para trás os tempos partidos para ingressar em tempos de coesão.

A juventude sempre foi, é e será, irreverente, rebelde e transgressora do status quo. O rock brasileiro dos anos 80 traduzia esses traços. Há quase quarenta anos o seu inconformismo aparecia com toda intensidade na música “Selvagem”, cantada pelo Paralamas do Sucesso: “A cidade apresenta suas armas/Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos/ E o espanto está nos olhos de quem vê/O grande monstro a se criar”.

O desafio de hoje é dar um propósito positivo a tais características, como aconteceu naqueles anos, quando nossos jovens começaram a se identificar com uma agenda para além da política propriamente dita, como meio ambiente, qualidade de vida, busca da felicidade, igualdade de gênero e raça.

O desafio de hoje é dar um propósito a uma juventude refugiada nas redes sociais e muitas vezes prisioneira da polarização que abala a nossa identidade e nossa conformação como um só povo e uma mesma comunhão de destino.

A mensagem traduzida nos versos cantados por Cazuza naquele memorável 15 de janeiro de 1985 continua atual.

Se abrirmos mão desse sonho, continuaremos sem saber o calibre do perigo e de onde vem o tiro, como cantou o Paralamas do Sucesso.

Já passou da hora de nos reencontrarmos.

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Hubert Alquéres é presidente da Academia Paulista de Educação.

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