Artigo – Avanços na Redução da Gravidez na Adolescência no Brasil

por Hubert Alquéres
Em edição recente, o jornal Folha de S.Paulo trouxe a notícia de que o Brasil registrou uma redução significativa na gravidez de adolescentes nos últimos anos. Dados do Ministério da Saúde indicam que, de 2004 a 2015, houve uma queda de 17% nos partos de mães muito jovens, com idade entre 10 e 19 anos, passando de 661.290 para 546.529 casos.
Esse avanço reflete o impacto positivo de políticas públicas voltadas à educação sexual, ao acesso a métodos contraceptivos e à conscientização sobre os desafios da maternidade precoce. A gravidez na adolescência, muitas vezes, interrompe trajetórias educacionais, reduz perspectivas no mercado de trabalho e eleva os riscos à saúde da mãe e do bebê. Para muitas adolescentes, a gestação pode ser uma estratégia de buscar reconhecimento social.
Como educador, reconheço que a educação é a forma mais poderosa de se evitar a gravidez precoce. Ao oferecer informações claras e abrangentes sobre saúde reprodutiva e ao promover o protagonismo das jovens sobre seus corpos e futuros, reduzimos desigualdades e fortalecemos o poder de escolha. Nesse contexto, é também essencial respeitar e garantir os direitos previstos em lei, incluindo a interrupção da gestação em situações legalmente permitidas, como um componente de proteção à saúde física e mental das jovens.
Embora os números sejam animadores, o desafio está longe de ser superado. Em regiões vulneráveis, onde as taxas de gravidez na adolescência permanecem elevadas, é imprescindível intensificar esforços para assegurar educação de qualidade e acesso a serviços de saúde, reforçando a autonomia das adolescentes e combatendo desigualdades estruturais.
A redução dos partos na adolescência é uma conquista que transcende indicadores: representa uma vitória pela igualdade de gênero, pelo direito à educação e pela autonomia das jovens brasileiras. Celebrar esse progresso é também reafirmar nosso compromisso com políticas públicas inclusivas, que continuem a promover o conhecimento, a saúde e o bem-estar de nossas meninas. Juntas, essas ações pavimentam o caminho para uma sociedade mais justa, informada e responsável.