Discurso de posse Presidente Reinaldo Polito – 28 de maio de 2015
Discurso de posse de Reinaldo Polito como Presidente da Academia Paulista de Educação.
Evento realizado no dia 28 de maio de 2015, no Auditório Ernesto Igel, no CIEE, em São Paulo, Capital.
Dr. Paulo Nathanael Pereira de Souza, Dr. Luiz Gonzaga Bertelli, Dr. João Gualberto de Carvalho Meneses, Dr. Jair Militão da Silva, diretores e membros da Academia Paulista de Educação, autoridades, convidados e amigos, boa noite.
É com sentimento de alegria e enorme responsabilidade que assumo a Presidência da Academia Paulista de Educação.
Há aspirações que são acalentadas ao longo de toda uma vida. Esta não foi uma delas. Sim, este é um desafio que nunca chegou a ser planejado. Os meus amigos e companheiros podem testemunhar que o meu objetivo ao participar desta Academia sempre foi o de somente colaborar e de ser útil.
Quando o Presidente Paulo Nathanael me procurou levando o convite de outros diretores para que eu assumisse a presidência me senti ao mesmo tempo surpreso e incrédulo. Nunca essa possibilidade havia sido aventada. Nem mesmo nas conversas mais informais.
Por outro lado, se julgavam que, como Presidente, de alguma maneira eu poderia colaborar com a Academia, jamais me furtaria a essa empreitada. Aceitei, porém, com uma condição – que pudesse contar com a colaboração experiente dos mesmos competentes diretores que nos acompanham ao longo desses anos.
Paulo me disse que todos estariam ao meu lado e que havia um reforço excepcional, o nome de Luiz Gonzaga Bertelli, Presidente do Conselho de Administração do CIEE São Paulo e Nacional, para ser o vice-presidente.
Dr. Bertelli, obrigado pelo prestígio que nos concede com sua presença. Antes mesmo de participar da diretoria, com sua vida vitoriosa como empreendedor, escritor, historiador e educador colaborou de forma efetiva com a Academia e possibilitou a realização de inúmeros dos nossos projetos. Seremos sempre muito agradecidos.
Há onze anos cheguei a esta casa trazido pelas mãos do mais importante professor que tive em toda minha vida, Oswaldo Melantonio.
O querido mestre é membro fundador da Academia e sempre foi apaixonado pela educação. Hoje, com 90 anos de idade, continua sendo uma forte referência para os meus projetos, iniciativas e desafios. Fui seu aluno há 40 anos. E durante todas essas décadas Oswaldo Melantonio ainda é para mim o mesmo mestre de sempre.
Aqui fui recebido por todos com carinho, cordialidade e deferência. Em pouco tempo, em muito pouco tempo percebi que estava me encontrando não apenas com acadêmicos envolvidos com as causas da educação, mas também com amigos que para sempre fariam parte da minha vida.
Convivo nesta Academia com homens e mulheres que dedicaram a vida, uma existência inteira às atividades educacionais. É um privilégio e incomparável oportunidade de aprendizado estar ao lado de pessoas tão dedicadas, experientes e comprometidas com a educação.
Quero fazer uma referência especial aos dois presidentes que me antecederam: João Gualberto de Carvalho Meneses e Paulo Nathanael Pereira de Souza.
João Gualberto me recebeu como um amigo antes mesmo de eu assumir a cadeira como membro titular. Nunca mais me esqueci do dia em que nos encontramos em uma Bienal do Livro e ele, com a simpatia que jamais o abandona, disse que contava muito com a minha ajuda na Academia.
Competente, criterioso, empreendedor, João Gualberto com toda sua experiência de notável acadêmico, homem público, pesquisador, professor e escritor nos conduziu com segurança e otimismo para que a Academia pudesse cumprir suas importantes finalidades. Entre elas a de congregar educadores e incentivar e promover pesquisas e estudos no campo da educação. Hoje sou eu que digo – conto muito com sua ajuda, João Gualberto.
Paulo Nathanael é quem sucedo na presidência da Academia Paulista de Educação.
Caro Paulo, hoje não quero falar do seu currículo extenso.
Não vou falar da sua formação como Doutor em Educação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, nem da sua atuação como professor universitário, lecionando Educação, História e Economia.
Vou deixar de lado também as referências sobre seu desempenho como Secretário Municipal de Educação em São Paulo no governo de Figueiredo Ferraz e como Conselheiro Estadual e Conselheiro Federal de Educação – órgão que presidiu por muitos anos.
Quero reservar minhas palavras para mencionar fatos que não sejam para ressaltar sua brilhante atuação como Reitor de duas universidades corporativas, ou como Presidente Emérito do Conselho Diretor do CIEE Nacional e do Conselho de Administração do CIEE/SP, cuja presidência ocupou por duas gestões, nem suas incontáveis atribuições como membro dos Conselhos da FIESP, Associação Comercial de São Paulo, FECOMÉRCIO, do Conselho Editorial da Revista USP e da Fundação Faculdade de Medicina da USP.
Também não quero neste momento discorrer a respeito das inúmeras obras que publicou na área da educação, tampouco mencionar que pertence às Academias Brasileira de Filosofia, Paulista de Letras, Paulista de Educação, Cristã de Letras, Paulista de História e Brasileira de Educação. Porque se fosse falar da sua participação nessas Academias teria de mencionar também que foi premiado seis vezes pela Academia Brasileira de Letras.
Não meu amigo, hoje não é dia para abrir o livro que contém suas condecorações da Ordem Nacional do Mérito Educativo pela Republica do Brasil; Ordem Nacional do Mérito e Legion D’Honneur pelo Governo da França; Mérito Naval e Almirante Tamandaré pela Marinha de Guerra do Brasil; nem das centenas de medalhas cívicas, comemorativas e culturais – do Brasil e do Exterior.
Hoje quero falar do Ser Humano lúcido, inteligente e cativante com quem tenho convivido com enorme prazer ao longo desta última década.
Todos sabemos que Paulo Nathanael é uma lenda viva da educação de São Paulo e do Brasil. Além das reuniões dos diretores da Academia, onde ele tinha sempre a palavra certa para todas as ocasiões, tive a felicidade de assistir a várias palestras que o presidente da nossa instituição ministrava sobre a educação.
Com auditórios lotados de educadores Paulo Nathanael nos orgulhava com sua demonstração de conhecimento e extraordinária capacidade oratória. Impressionava ainda mais quando ao final de suas apresentações abria para os debates.
Com equilíbrio e autoridade arrefecia os confrontos sem que ninguém se sentisse diminuído ou desautorizado. Um sábio que usou suas iniciativas e irretocável passado como educador para elevar ainda mais o nome da nossa Academia.
Obrigado pelo companheirismo, amizade e oportunidade que me deu para conhecer um pouco mais sobre educação. Paulo Nathanael passa a ser agora Presidente Emérito da Academia Paulista de Educação.
Além do João Gualberto de Carvalho Meneses, Paulo Nathanael Pereira de Souza e Luiz Gonzaga Bertelli, a quem já me referi, agradeço aos diretores Jair Militão da Silva, Flávio Fava de Moraes, Wander Soares, Arnold Fioravante, Myrtes Alonso, Márcia Lígia Guidin, Bernadete Angelina Gatti e João Cardoso Palma Filho que acreditaram e confiaram no trabalho que poderíamos desenvolver.
Nosso desafio é imenso, mas tenho certeza de que com a competência, dedicação e capacidade empreendedora de todos nossa missão será vitoriosa.
Agradeço a minha mulher Marlene pelo apoio de sempre, aos meus filhos que tanto me estimulam para que eu continue lutando com fé e determinação, e aos meus amigos que vieram prestigiar este evento.
Digo a vocês que os momentos de conquista só são importantes se tivermos amigos queridos com quem possamos compartilhar.
Meus amigos, há muito pouco ou quase nada para comemorarmos na causa da educação. Nossas escolas em sua maioria estão sem rumo e mal orientadas, com iniciativas irresponsáveis dos poderes públicos que se sucedem.
Nossos professores são desconsiderados, desprotegidos e mal pagos. A consequência triste é despejarmos na sociedade alunos despreparados, com nível de conhecimento que envergonham a todos nós brasileiros.
Qualquer que seja a comparação que venhamos a fazer com os países dos mais diferentes continentes, somos classificados sempre entre os últimos colocados. E a cada ano ouvimos as mesmas promessas e as mesmas desculpas.
Só para citar alguns dados recentes, que acabaram de ser publicados, no ranking da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que avalia o conhecimento dos jovens de 15 anos em matemática e ciências, entre os 76 países pesquisados o Brasil está no vexatório 60º lugar.
O Fórum Econômico Mundial acaba de divulgar o resultado da pesquisa realizada em 124 países. A nossa situação é desesperadora.
Em qualidade da educação primária estamos na 109ª posição. Ou seja, estamos entre os 16 piores países do mundo. Na taxa de jovens que saem do ensino básico com habilidades mínimas estamos em 91º lugar.
Sem considerar ainda as assustadoras taxas de evasão escolar, a baixa capacitação dos professores e os insuficientes investimentos em educação.
E não vale culpar a situação econômica do país, já que países com economias ainda mais frágeis estão na nossa frente, como o caso de Irã, Chile e Uruguai.
Cabe a nós trazermos o tema para o debate sério e responsável. Não nos importa se nos virem como antipáticos e até impertinentes.
Desde que nossas ações sirvam para remover a apatia e instigar os que têm o dever de apresentar soluções efetivas para os problemas educacionais nossa missão estará cumprida.
Não é pouco, não é fácil, não é simples. É uma tarefa que exige determinação, empenho e muita dedicação. É por isso que estamos aqui. É essa atitude que a sociedade espera da nossa Academia.
Foi com esse objetivo que um grupo de abnegados educadores se reuniu há mais de 40 anos para formar a Academia Paulista de Educação.
Que Deus nos ajude a concretizar esse sonho.