O Brasil perde Niède Guidon (1933–2025)

A Academia Paulista de Educação lamenta o falecimento da arqueóloga brasileira Niède Guidon, ocorrido em 4 de junho de 2025, aos 92 anos, em São Raimundo Nonato, Piauí. Nascida em Jaú, São Paulo, em 12 de março de 1933, Niède foi uma das mais importantes pesquisadoras da arqueologia sul-americana e uma defensora incansável do patrimônio cultural brasileiro.
Graduada em História Natural pela Universidade de São Paulo (USP), especializou-se em Arqueologia Pré-Histórica na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, onde também obteve seu doutorado. Durante o regime militar brasileiro, exilou-se na França, retornando ao Brasil na década de 1970 para liderar a Missão Arqueológica Franco-Brasileira no Piauí.
Seu trabalho mais emblemático foi no Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em 1979 por sua iniciativa. Lá, ela e sua equipe identificaram mais de 800 sítios arqueológicos, incluindo a Toca do Boqueirão da Pedra Furada, que revelou evidências de ocupação humana na América do Sul há mais de 30 mil anos, desafiando as teorias então vigentes sobre o povoamento do continente.
Além de suas contribuições científicas, Niède fundou a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), dedicada à preservação e divulgação do patrimônio arqueológico da região. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente, recebendo honrarias como a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e o título de Cavaleiro da Legião de Honra da França.
A Acadêmica Ghisleine Trigo, vice-presidente da Academia Paulista de Educação, lamentou a perda e declarou que “Niède Guidon deixa um legado inestimável para a ciência, a cultura e a educação brasileiras. Sua paixão pela arqueologia e sua dedicação à preservação do patrimônio histórico continuarão a inspirar gerações de pesquisadores e educadores”.