Prêmio Pedro Kassab 2014
Quem me conhece sabe que fui honrado no passado pelo Governo Frances, com duas de suas maiores condecorações: a da Ordem Nacional do Mérito, por decisão do Presidente Giscar D’Estang, e a Legião de Honra, por decreto de Francois Mitterrand. E o que tem isso a ver com esta cerimônia em que me homenageia a Associação Paulista de Fundações (APF) com o Prêmio Pedro Kassab, pelo conjunto das atuações que tive ao longo da vida em favor da melhoria da educação brasileira? Na verdade, senhores, o nome de Pedro Kassab tem muito a ver com o presente evento, que nos reúne nesta manhã, e com aquelas condecorações a que já me referi. E vou rapidamente contar uma historinha para comprovar o que digo: Antes, quero lembrar, que Kassab e eu fomos, além de amigos fraternos, colegas de várias ações ligadas á educação brasileira: uma delas, a Fundação de Ciências Aplicadas, a maior obra dos jesuítas em São Paulo, onde fui vice-presidente na gestão do saudoso Padre Ademar Moreira, e ele atuava no Conselho de Curadores; o CIEE, onde exerci a Presidência por dois mandatos e ele ocupava como membro destacado, o Conselho Consultivo; só não fomos colegas, ainda pela terceira vez, na Academia Paulista de Letras, para a qual foi ele eleito, como imortal, mas que, irônico como ele só, resolveu falecer antes mesmo de tomar posse. Quanto a suas ligações com as condecorações francesas, que me foram outorgadas, aconteceu o seguinte: no final da década dos anos 70, o Conselho Estadual de Educação de São Paulo, cogitou de fechar o Liceu Pasteur, por achar, mediante uma interpretação chauvinista da Constituição Federal, que não seria legal, nem constitucional, manter cursos bilíngues para alunos brasileiros do 1º grau do ensino. A pressão maior nesse sentido vinha de um velho general, intransigente e caquético, que presidia uma Comissão Nacional de Moral e Civismo. Ocupava eu, nesse tempo, um lugar de Conselheiro, no Conselho Federal de Educação. Um dia, meu gabinete em Brasília foi literalmente invadido por amigos de São Paulo, entre eles José Maria Homem de Montes, diretor do estadão, Pedro Kassab, diretor do Liceu Cultural da França, de cujo nome já não me lembro. Foram pedir socorro ante a ameaça iminente de intervenção do Conselho no Liceu. Coube ao Kassab expor a situação, que me deixou indignado. Prometi fazer o possível e o impossível para reverter esse quadro ameaçador. Naquela tarde, fui ao Itamaraty, onde atuava um grande amigo, Francisco de Assis Grieco, Diretor Cultural daquele Ministério e filho do crítico literário mais ácido da história do Brasil – Agripino Grieco. Expus-lhe a questão e levei-lhe uma sugestão: baixar um decreto, retirando os cursos bilíngues, frutos de acordos culturais federais, da esfera das Secretárias e Conselhos Estaduais de Educação, a fim de pô-los sob a inspeção direta da União. Fui com o Francisco conversar com o Chanceler, Silveirinha, que achou ótima a ideia e prometeu levá-la ao Presidente da República. Dias depois, lá estava o decreto que salvou o Liceu de ser vitimado pelo radicalismo cívico de alguns educadores bitola estreita, cujos nomes peço vênia para não declinar. Eis, senhores, a principal razão das condecorações que tanto me envaidecem e de suas ligações com a memória do Pedro Kassab, que me convidou para participar dessa guerra vitoriosa, que salvou da morte o Liceu Pasteur de São Paulo. Para encerrar, registro meus agradecimentos a Associação Paulista de Fundações (APF), e a seu Colégio Eleitoral que escolheu meu nome entre os muitos intelectuais, que poderiam merecer esse título, e cumprimentar a Pessoa Jurídica, vencedora de 2014, a Fundação Dorina Nowill, que realiza uma extraordinária ação assistencial e educativa para pessoas cegas. Obrigada.
Agradecimento do Paulo Nathanael Pereira de Souza, pelo Prêmio Pedro Kassab 2014, em 11 de setembro de 2014, sede do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, Rua Rosa e Silva, 60 – São Paulo/SP.