Saída de Guilherme Galuppo da Biblioteca Mário de Andrade interrompe projeto em construção

Menos de cinco meses após assumir a direção da Biblioteca Mário de Andrade (BMA), Guilherme Galuppo Borba deixou o cargo. A decisão, até agora sem justificativa pública, surpreendeu profissionais da cultura, servidores e frequentadores da instituição, que viam em sua gestão a chance de retomar um processo de planejamento consistente e duradouro.
Servidor de carreira da Prefeitura de São Paulo, com passagens marcantes pela Secretaria Municipal de Cultura e pelo Arquivo Histórico Municipal, Borba é reconhecido como gestor experiente, comprometido com o serviço público e com grande capacidade de escuta. Em sua breve passagem pela BMA, dedicou-se a compreender a estrutura da biblioteca, dialogar com diferentes setores e traçar estratégias para ampliar o acesso, valorizar o acervo e modernizar os serviços.
Sua saída interrompe um processo ainda inicial, mas promissor, sustentado por diagnósticos bem conduzidos e propostas já em formulação. “Guilherme havia iniciado um trabalho cuidadoso, com respeito pela história da biblioteca e abertura ao futuro. É uma pena que esse ciclo tenha sido interrompido antes de se consolidar”, afirma o professor Hubert Alquéres, presidente da Academia Paulista de Educação e membro da Associação de Amigos e Patronos da Biblioteca Mário de Andrade. “Acompanhei de perto o início de sua gestão e vi o esforço genuíno para compreender e fortalecer a biblioteca. Sua postura era de escuta e trabalho coletivo. Já havia um caminho traçado, e ele estava pronto para executá-lo”, completa.
Fundada em 1925, a Biblioteca Mário de Andrade é o principal equipamento público de leitura da cidade de São Paulo e detém o segundo maior acervo bibliográfico do país, com mais de 3,3 milhões de itens. Sua gestão exige não apenas domínio técnico, mas também sensibilidade institucional e capacidade de articulação com a sociedade civil e o poder público.